quarta-feira, 18 de abril de 2012

Martín Fierro

"O gaúcho Martín Fierro" passou a ser considerada – além de um clássico e expoente máximo da literatura daquele país – patrimônio cultural da Argentina. Isso, por narrar ao longo de 395 estrofes-sextilhas a vida de um gaúcho da região dos pampas, com estrofes recheadas por um vocabulário popular, que expressa seus sofrimentos, indignações, contestações, esperanças etc.
Ao longo de seus 13 capítulos, Hernandéz nos conta a história de um gaúcho que "perde sua liberdade" ao ser convocado à força para servir ao exército . Sendo vítima de inúmeras arbitrariedades de seus superiores, em pouco tempo se transforma em um desertor e, depois, ao regressar para casa, descobre que esta havia sido destruída e sua família tinha desaparecido. Tomado pelo desespero, o desertor, e também payador ("trovador"), se une aos índios e se torna um fora-da-lei. O sargento Cruz, que o persegue, acaba por se tornar seu grande amigo e, ambos partem em busca de um lugar para viver em paz, na esperança de um dia poderem rever seus entes queridos. Porém, a sorte não os ajuda e vêem-se cativos de índios selvagens.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mart%C3%ADn_Fierro



A Moda Martín Fierro

Luiz Marenco


Aqui me ponho a cantarAo compasso da guitarra
Que o índio que se desgarra
Nunca mais pode parar
 Viver é contrapontear
 Na tristeza onde se atola
Sem jamais pedir esmola
Nem carinho, nem perdão,
Pois abrindo o coração
É que o guasca se consola
E adonde venho respondo:
Sou da pampa e do varze do Guri criado sem medo
 De cobra ou de marimbondo
 Eu sei que o mundo é redondo
 No seu arrodear sem fimÍndio pobre, e mesmo assim
 Me alimento com meu canto
Tantos são donos de tanto
Ninguém é dono de mim
(Talvez por ser prisioneiro
Das ânsias e rebeldias
De andar as noites e os dias
Rondando como tropeiro
 Talvez por ser guitarrero
Criado sem protovolo
 Desde que mamei no colo
 Da mama bugra campeira
 Trago a alma prisioneira
 Das coisas que vêm do solo)
Enquanto houver um paisano
 Que ponteie uma guitarra
Enquanto houver uma garra
No lombo de um orelhano
Enquanto houver um pampeano
 Guardando o sagrado estilo
Eu hei de seguir tranqüilo
Sem galopear, não me apuro
 Porque quanto mais escuro
 Mais claro é o canto do grilo
E quando eu me for, indiada,
Não quero mágoa nem choro
Não vai fazer falta um touro
 Há tantos nesta invernada
Um 'Deus te salve', mais nada
Quando souberem: morreu
Já podem saber que eu
Que esbanjei tantos carinhos
Ando a campear nos caminhos
 O que eu quis ser e não deu
Ando a campear nos caminhos
 O que eu quis ser e não de

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