"O gaúcho Martín Fierro" passou a ser considerada – além de um
clássico e expoente máximo da literatura daquele país – patrimônio
cultural da Argentina. Isso, por narrar ao longo de 395 estrofes-sextilhas
a vida de um gaúcho da região dos pampas, com estrofes recheadas por um
vocabulário popular, que expressa seus sofrimentos, indignações,
contestações, esperanças etc.
Ao longo de seus 13 capítulos, Hernandéz nos conta a história de um
gaúcho que "perde sua liberdade" ao ser convocado à força para servir
ao exército . Sendo vítima de inúmeras arbitrariedades de seus
superiores, em pouco tempo se transforma em um desertor e, depois, ao
regressar para casa, descobre que esta havia sido destruída e sua
família tinha desaparecido. Tomado pelo desespero, o desertor, e também
payador ("trovador"), se une aos índios e se torna um
fora-da-lei. O sargento Cruz, que o persegue, acaba por se tornar seu
grande amigo e, ambos partem em busca de um lugar para viver em paz, na
esperança de um dia poderem rever seus entes queridos. Porém, a sorte
não os ajuda e vêem-se cativos de índios selvagens.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mart%C3%ADn_Fierro
Luiz Marenco
Aqui me ponho a cantarAo compasso da guitarra
Que o índio que se desgarra
Nunca mais pode parar
Viver é contrapontear
Na tristeza onde se atola
Sem jamais pedir esmola
Nem carinho, nem perdão,
Pois abrindo o coração
É que o guasca se consola
E adonde venho respondo:
Sou da pampa e do varze do Guri criado sem medo
De cobra ou de marimbondo
Eu sei que o mundo é redondo
No seu arrodear sem fimÍndio pobre, e mesmo assim
Me alimento com meu canto
Tantos são donos de tanto
Ninguém é dono de mim
(Talvez por ser prisioneiro
Das ânsias e rebeldias
De andar as noites e os dias
Rondando como tropeiro
Talvez por ser guitarrero
Criado sem protovolo
Desde que mamei no colo
Da mama bugra campeira
Trago a alma prisioneira
Das coisas que vêm do solo)
Enquanto houver um paisano
Que ponteie uma guitarra
Enquanto houver uma garra
No lombo de um orelhano
Enquanto houver um pampeano
Guardando o sagrado estilo
Eu hei de seguir tranqüilo
Sem galopear, não me apuro
Porque quanto mais escuro
Mais claro é o canto do grilo
E quando eu me for, indiada,
Não quero mágoa nem choro
Não vai fazer falta um touro
Há tantos nesta invernada
Um 'Deus te salve', mais nada
Quando souberem: morreu
Já podem saber que eu
Que esbanjei tantos carinhos
Ando a campear nos caminhos
O que eu quis ser e não deu
Ando a campear nos caminhos
O que eu quis ser e não de
Que o índio que se desgarra
Nunca mais pode parar
Viver é contrapontear
Na tristeza onde se atola
Sem jamais pedir esmola
Nem carinho, nem perdão,
Pois abrindo o coração
É que o guasca se consola
E adonde venho respondo:
Sou da pampa e do varze do Guri criado sem medo
De cobra ou de marimbondo
Eu sei que o mundo é redondo
No seu arrodear sem fimÍndio pobre, e mesmo assim
Me alimento com meu canto
Tantos são donos de tanto
Ninguém é dono de mim
(Talvez por ser prisioneiro
Das ânsias e rebeldias
De andar as noites e os dias
Rondando como tropeiro
Talvez por ser guitarrero
Criado sem protovolo
Desde que mamei no colo
Da mama bugra campeira
Trago a alma prisioneira
Das coisas que vêm do solo)
Enquanto houver um paisano
Que ponteie uma guitarra
Enquanto houver uma garra
No lombo de um orelhano
Enquanto houver um pampeano
Guardando o sagrado estilo
Eu hei de seguir tranqüilo
Sem galopear, não me apuro
Porque quanto mais escuro
Mais claro é o canto do grilo
E quando eu me for, indiada,
Não quero mágoa nem choro
Não vai fazer falta um touro
Há tantos nesta invernada
Um 'Deus te salve', mais nada
Quando souberem: morreu
Já podem saber que eu
Que esbanjei tantos carinhos
Ando a campear nos caminhos
O que eu quis ser e não deu
Ando a campear nos caminhos
O que eu quis ser e não de
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